Estes dias estava indo para a faculdade, normalmente sempre pego o ônibus relativamente vazio, sempre com algum lugar para fazer a viagem sentado, mas por algum motivo naquele dia o ônibus estava cheio. Quando entrei já havia um senhor parado antes da roleta... eu acabei parando por ali também, de pé. O iPod ligado tocando alguma coisa mais agradável do que a conversa do motorista com o cobrador. Fiquei ali, lamentando a viagem de pé, até que meus olhos seguiram diretamente para aquela plaquinha, logo acima do motorista que dizia: "Fale ao motorista somente o indispensável".
Nada demais se no segundo seguinte eu não tivesse viajado alguns anos na memória, e me vi ali, ainda criança, com a mãe... perguntando para ela "quem era o indispensável?". É, na minha cabeça infantil, o "indispensável" deveria ser uma pessoa, e somente esta pessoa poderia falar com o motorista. Claro que eu devo ter rido da lembrança, que persistiu por quase toda viagem. E como um filme as perguntas que fazia quando criança invadiram meus pensamentos: "Quem é o indispensável? Por que só o indispensável pode falar com ele? Como a gente faz pra ser indispensável?"
Nestes momentos que percebo como tive uma infância bacana, cheia de perguntas. Percebo que os anos (e as decepções) não foram capazes de me tirar a curiosidade infantil, a vontade de descobrir coisas novas, de conhecer. Talvez tenha ficado apenas mais seletivo, mas eu sei que ainda está aqui!!!!
O triste desta história é que o tempo me fez perceber que ninguém é indispensável...